quarta-feira, abril 22, 2015

Estrela caída


Por Rafael Belo
A estrela cadente cai como a mais brilhante do universo. Poucos a viam. No contraponto contraditório entre tolerância e intolerância se perdiam nos paraísos artificiais. Algo entre Orfeu e Morfeu na onda de Dionísio ou Baco, grego ou romano, tanto faz, mas a psicodelia estava ali tentando respeitar o direito de discordar, o cair e levantar de cada um. A realidade deixava dúvidas duradouras em quem a observava. Paulo Portas se abria neste limite entre o fim e o abismo.

Poeta, médico, moldador de sonhos esta grega mitologia se atrelava a Paulo Portas, o intoxicador. Nenhum tóxico lícito ou ilícito... Não mais. Causava terrores noturnos e uma cisão atemporal fechando Portas na rua. Ele e o abismo se encaravam, no entanto o fim também os encarava em desafio àquela forma artificial de empurrar a vida adiante, distante o suficiente para não alcança-la para puxar de volta.

Enquanto isso, a estrela caia e aos poucos muitos a viam. Mas, era um horário da noite onde ninguém sabia mais onde estava. Estavam entregues as formas de sobreviver a mais um dia no inferno natural cheio de paraísos artificiais, cada um com o seu, ou os seus...  Não havia limite entre superfície e profundidade a realidade alternativa invadia a mente intoxicada de todos.


Intoxicadas de informações de mais, toques de menos, distâncias demais, maus pensamentos sobre a insônia babando nas ruas até lembrar do desejo concedido pela estrela caída vista, à vista no prazo perdido da sanidade carregando sua placa com os dizeres “o fim já chegou! Vamos recomeçar?”  Então, Paulo Portas abria a próxima oportunidade e defendia o direito de sonhar.

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