por Rafael
Belo
Nós temos
mania de olhar adiante sem enxergar ao nosso arredor. Por isso, tropeçamos tanto.
Caímos das piores maneiras possíveis como uma árvore solitária em uma floresta densa
sem espaço para sequer dar o próximo passo, oferecer ar para a semente brotar. Há
um conglomerado de quedas se atropelando, se esbarrando, se empilhando, atrapalhando
o levantar... Deve ser este o motivo de não sabermos o momento no qual caímos. Não
sabemos. Estávamos lá adiante vivendo um futuro inexistente quando despencamos
e machucamos cada parte do corpo, vivendo uma concussão não diagnosticada.
Devemos
olhar adiante, mas isso não significa não enxergar tudo e todos próximos de
nós. Até porque algo ou alguém pode ser fundamental para o adiante chegar. Um dos
motivos da repetição dos nossos erros é isso, além da falta de aceitação do
erro e de culpar apenas o outro, as coisas, o ambiente, o tempo, o governo, a
política... Você vê? Os olhos são meus/seus, os entendimentos são meus/seus...
As escolhas são minhas/suas... Então, querer o fim, focar à frente requer estar
presente agora e em contato com tudo próximo.
Está certo. Nós
vivemos olhando para baixo com os olhos voltados para a tela, com a mente
focada em outro lugar... Onde está nosso foco? Imediatismo só cria gerações da
ansiedade, medo de comprometimento, tremor e outras fobias. Estamos vivendo
para o amanhã e já estamos lá. Sem meio, sem a construção necessária para lá
permanecer. Então, volte, reveja, mude porque este foco no lá sem estar aqui é
apenas mais um lugar indeterminado colaborando para os rótulos e etiquetas para
nos encaixotar em um código de barras fácil de identificar e manipular.
Esqueça este
tal de custo/benefício, às vezes só precisamos observar, estar no lugar ou apenas
tocar. Não precisamos viver em sacrifícios, mas precisamos corrigir nossa visão
seja com lentes de contatos ou com óculos de grau. Preste atenção. Há outras
formas de enxergar e o adiante só existe se chegarmos até ele. Até lá temos de
saber – pelo menos – o porquê de estarmos caindo tanto porque vamos continuar a
tropeçar e se soubermos os motivos podemos evitar a dolorida queda emotiva.
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