segunda-feira, setembro 11, 2017

arredores invisíveis



por Rafael Belo

Nós temos mania de olhar adiante sem enxergar ao nosso arredor. Por isso, tropeçamos tanto. Caímos das piores maneiras possíveis como uma árvore solitária em uma floresta densa sem espaço para sequer dar o próximo passo, oferecer ar para a semente brotar. Há um conglomerado de quedas se atropelando, se esbarrando, se empilhando, atrapalhando o levantar... Deve ser este o motivo de não sabermos o momento no qual caímos. Não sabemos. Estávamos lá adiante vivendo um futuro inexistente quando despencamos e machucamos cada parte do corpo, vivendo uma concussão não diagnosticada.

Devemos olhar adiante, mas isso não significa não enxergar tudo e todos próximos de nós. Até porque algo ou alguém pode ser fundamental para o adiante chegar. Um dos motivos da repetição dos nossos erros é isso, além da falta de aceitação do erro e de culpar apenas o outro, as coisas, o ambiente, o tempo, o governo, a política... Você vê? Os olhos são meus/seus, os entendimentos são meus/seus... As escolhas são minhas/suas... Então, querer o fim, focar à frente requer estar presente agora e em contato com tudo próximo.

Está certo. Nós vivemos olhando para baixo com os olhos voltados para a tela, com a mente focada em outro lugar... Onde está nosso foco? Imediatismo só cria gerações da ansiedade, medo de comprometimento, tremor e outras fobias. Estamos vivendo para o amanhã e já estamos lá. Sem meio, sem a construção necessária para lá permanecer. Então, volte, reveja, mude porque este foco no lá sem estar aqui é apenas mais um lugar indeterminado colaborando para os rótulos e etiquetas para nos encaixotar em um código de barras fácil de identificar e manipular.


Esqueça este tal de custo/benefício, às vezes só precisamos observar, estar no lugar ou apenas tocar. Não precisamos viver em sacrifícios, mas precisamos corrigir nossa visão seja com lentes de contatos ou com óculos de grau. Preste atenção. Há outras formas de enxergar e o adiante só existe se chegarmos até ele. Até lá temos de saber – pelo menos – o porquê de estarmos caindo tanto porque vamos continuar a tropeçar e se soubermos os motivos podemos evitar a dolorida queda emotiva.

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