quarta-feira, setembro 13, 2017

qualquer coisa humana (miniconto)




por Rafael Belo

E se não houvesse religiões só a fé. Já é muito, aliás, já é tudo. Praticamos tantos absurdos, atos obscuros, gestos grotescos, textos bizarros... Poderíamos todos ser aberrações porque já dizia a canção de Caetano, Vaca Profana, “de perto ninguém é normal”.  Deve ser este o motivo das pessoas focarem longe, olharem distante e esquecerem o arredor. Estou olhando longe, mas e perto? Há o certo e o contrário, então... Há o errado e seu oposto de antemão. Há apenas dois lados de tudo? Infinitamente não. Eu mesma já tropecei na minha língua já acordei tomando soro antiofídico depois de mordê-la em um momento de tensão...

Meu nome é Mania e você já deve imaginar a sofrência de ter este nome. Mas, então, eu sou várias ou só um espelho repleto de trincas e rachaduras? Não estou disposta agora a olhar de perto isso. Não chego perto nem do espelho. Abaixo as vistas e não encaro meus olhos. Aí penso em Deus e nas provações e juro, juro mesmo, tento não julgar. Penso na abrangência da onipresença, da onisciência e, principalmente, no Amor... Na sequência estou com minha própria tocha em meio a um bardo enlouquecido, enfurecido com o mais novo odiado, o mais novo anticristo... Penso na nossa hipocrisia e afetação. Penso na ironia... Sou Mania e tenho esta mania, então lembro não ter religião só muita fé. Aliás, é tudo...

Já pensou que acreditar em nada é acreditar em alguma coisa? Não me localizei pra você, se é que faz sentido. Estou aqui foragida protegendo o sistema de alguns amigos. Eles foram invadidos pelo Sistema. Hackeados para virarem locais comuns... Transgressores natos etiquetados à força para não incomodar, para agradar... Isso não causaria um suicídio coletivo?! Ah, no Setembro Amarelo precisamos alertar sobre este silencioso fardo... Para mim, suicídio é cercear, viver uma farsa, mas quando acontece de fato, físico, fatal... Fica um vácuo emocional, social, psicológico, além do físico. Não me venha com motivos, com novas etiquetas, afirmar distanciamento, culpas e perda de fé... Aliás, tudo.

Já olhou de perto o alcance de coisas que poderiam passar invisível virando monstros consagrados pelo acesso, pelas conexões...? Escuto o silêncio e o posicionamento nas mídias digitais... Vejo os textões pessoais e nem sempre tenho uma reação me motivando a esboçar uma reação ou sequer comentar. Nem tudo vale à pena, desculpe Fernando Pessoa, às vezes não tem nada a ver com o tamanho da alma, mas essa esquizofrenia global nos fragmentando, nos deixa perdidos em significados, culpas, reconhecimentos... Faço ofensas e sou ofendida. O que é a ofensa? Não é tudo?


Honra, dignidade, afronta, dano físico, lesão, desagravo, desencontro, encontrões, descontentamento... Sensação desagradável, desgosto, aborrecimento vindo de indelicadeza, desconsideração, menosprezo... Isto tudo é ofensa. Dei um Google e descobri vir do latim OFFENSA e sabe o que significa? Nada! Não, brincadeira. Significa contra-atacar... Muitas coisas nos é desagradável, mas olha a novidade tenha fé e nada vai ficar distante do seu agrado porque você não irá buscar se agradar com nada vindo distante de você. Veja bem, bem de perto, aproxime já percebeu que se há um contra-ataque é sumariamente necessário um ataque? Agora se você leu este post até aqui, continue com esta Mania profana de duvidar de qualquer coisa humana.  não ser que você seja eu, aí temos de nos encontrar para conversar...

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