segunda-feira, setembro 29, 2014

Aspas da escolha - Rafael Belo


O estômago embrulha, os olhos reviram, a boca se contorce e a expressão geral do rosto é de desgosto e contrariedade diárias durante dois períodos do dia, fora os informes inseridos no decorrer das programações, não há escapatória. A contaminação de promessas e ataques é em todos os meios e se há visão e audição somos atingidos. Atacados por todos os lados com poucas chances de defesa à espera do fim que termina em parte daqui há uma semana e talvez mais 20 dias nos esperam.

Há dois meses e nove dias ouvimos as mesmices das piadas prontas, de fundo nada engraçadas, atacam nossos ouvidos e olhos gratuitamente, mas dia dois todo ato gratuito acaba e no dia seguinte os pagos também. Deputados federais, estaduais, senadores, governadores e presidente estarão definidos na lei seca do domingo, mas é provável que os dois mais altos cargos ainda estejam indefinidos e teremos mais uma “curta” rodada de programas eleitorais. Ainda é de estarrecer os motivos para os votos hoje e poucos são direcionados a trabalho e honestidade.

Um país sedento por mudanças da boca para fora, mas da porta de casa para dentro ainda aceita “propina”, se submetem a troca por votos, cargos, auxílio parente, garantia de “QI” para o futuro e o constante rouba, mas faz. A sujeira de décadas falando do lixão ao céu aberto cheirando em cada obra feita ou não, em cada desvio e os vícios camuflados há tanto tempo que parece a definição do termo política, sendo assim a maior parte do tempo quem decidiu se candidatar a nos representar passar a maior parte do tempo se justificando para a minoria.


Em qualquer lugar há gente capaz, de boa índole e com boas ações, mas em um sistema contaminado os representantes não nos representam mais. O reflexo de seus funcionários cabe em posicionamento destes perante os atos daqueles. Uma pessoa não é o seu lugar de trabalho, e o inverso também é verdadeiro, mas dificilmente um representa o outro, porém as ações deles afetam ambos, assim como o ato obrigatório de votar dentro da democracia reflete em contradição quando somos responsáveis pela nossa “escolha”.

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