As primeiras luzes
da noite já contrastavam com o azul se tornando preto, uma meia lua prateada
fazia oposição ao sol deitando atrás das casas nas cobertas do horizonte. O córrego
refletia e se transformava em um outro céu enquanto o Cavaleiro Guarani
continuava ali em um eterno galope com sua lança apontada em seu equilíbrio lateral
como se caçasse a própria cidade dilatando e contraindo com o contínuo calor
fora de época.
Escondida ao lado
do monumento, entre a cidade e o Parque, Vintage ria. Não conseguia parar. Um momento
de bobeira foi transformado em um gargalhada ensandecida afastando qualquer um
disposto a se aproximar. Aquele parque a levava de volta a infância quando seus
pais a levavam para passear e ela andava de bicicleta. Foi quando ela conheceu
uma criança extraordinária na idade das perguntas questionando os pais sobre
tudo.
Sempre voltavam
para lá e a criança estava nos mesmos dias. Vintage se divertia... Nunca mais
se divertiu como naqueles tempos... Achava graça em pouca coisa, tinha certeza
da quantidade de pessoas sem sal, daquelas salgadas demais e as causadoras de
diabetes crônica... Não se misturava a este tempero insosso e seriamente
encarava as atrocidades dos destemperos, mas não queria voltar no tempo nem
continuar na infantilidade do hipotéticos adultos.
Foi pulando suas
barreiras como se fosse uma estadunidense campeã olímpica de corrida com
obstáculos, quando se deparou com as lembranças de um strike humano no momento do
atravessar de uma grama a outra tinha um skatista atento no meio. Este a via e
saiu rolando, mas pegou toda as duas famílias e no fim das quedas estava
Vintage. Ela caiu no córrego assustando patos e capivaras. Riu muito e nadou. A
Vintage atual se encontrou neste momento marcante e guardou sua criança risonha
para voltar a sorrir e achando graça de si e rindo do mundo. Sua crise de riso
durou até o abdômen doer tanto quanto a boca.
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