Ela observava
diretamente sem desviar o olhar. Gostava de ficar sentada se refrescando
sozinha e em silêncio. Pelo menos mentalmente porque havia aquele pato muito
próximo, mas também silencioso, apesar de agitado. Tira pensava quanto era mais
fácil quando as intenções eram mais claras. As pessoas ou as domesticavam ou as
matavam... Agora simplesmente as estressavam.
Sempre no plural
porque, mesmo sozinha no momento, havia mais cinco fêmeas para o único macho
delas e claro uma “filhotaiada” de respeito, havia ano que chegavam a 48
capivarinhas, mas tudo era muito pacato naquela manada de Tira. Era um dormir, comer
grama e nadar diário entediante. Mesmo dividindo... Aliás, procurando espaço no
meio de tanta gente, o dia todo. Não era possível dormir sossegada.
Tira se sentia melhor
quando entrava na água, nem ligava para a sujeira, até sentava nela. O lixo não
faria mal. Capivaras não são curiosas só comem a mesma coisa no cotidiano, cuidam
umas das outras e têm a mania de encarar, não para pensar. As encaradas são com
a intenção de sentir o horizonte e estar lá. Nele se esvaziando para preencher.
Algo... Algo de Capivara.
Estar naquela água marrom
era compartilhar a mesma cor. Não. Era mais que isso era um colorir mútuo. O córrego
a coloria e ela coloria o córrego. Tira era a luz do reflexo e cada ondulação
interferindo nos círculos perfeitos se formando e ondulando por toda a extensão
até oscilar na margem e mesmo tão profunda ao se atirar, Tira era a superfície
e nunca teve a tolice de querer ser mais porque menos era melhor.
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